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terça-feira, 26 de outubro de 2010

O que não tem nome

No meu caso, seria: "O que não tem nome e me deixa muda".
Quando a gente entra nesse mundo de blog é inevitável entrar em contato com histórias tristes. Quem não se lembra do caso Vini?
Há alguns meses atrás eu conheci a história do Theo, de Vila Velha. E de longe acompanhei toda a tragetória de mais esse pequeno guerreiro. 
E diariamente entrava no seu blog para acompanhar mais uma etapa de sua vitória.
Hoje veio a notícia que eu vinha há semanas rezando para não aparecer... mas veio...
E estou com o coração dilacerado... e sem palavras...
Só quem é mãe vai entender o que é essa dor de perda (ainda que eu não conhecesse pessolamente a Aline, mãe do Theo).
E vagando entre um blog e outro, caio no blog da Bia, mãe de outro Theo, que soube colocar em palavras o que eu não consegui... Espero que ela não fique brava de eu ter feito uso de suas palavras...

O que não tem nome
"Pela primeira vez eu não consigo iniciar um texto. Parece que um trator passou por cima de mim.
Eu sempre fui muito vulnerável a notícias ruins, nunca gostei de noticiários... Mas depois de ser mãe, parece que todo o mal que há no mundo se triplica. Porque agora eu sou inteiramente vulnerável: eu tenho um filho.
Ter um filho no mundo é dormir com um olho aberto e outro fechado. É ter cuidado com o gás, com altura, com escadas ou com um mero joelhinho ralado. Rezar a Deus e todos os santos para os outros males permancerem bem distantes. É suplicar todas as noite uma lista enorme de coisas que não pode de jeito nenhum acontecer com o seu filho. E ter fé na misericórdia divina de que Ele vai ouvir o seu pranto de mãe. Dizem que oração e proteção de mãe é forte. Agora eu entendo: porque a força da palavra tá na alma, na súplica.
Na súplica de pedir que PELO AMOR DE DEUS, QUE ISSO NUNCA ACONTEÇA... e você se pegar chorando enquanto ora, pela possibilidade mundana que nos ronda. Enquanto isso seu filho dorme no berço. E você elencando uma lista de coisas-que-nunca-acontençam-nunca-amém como quem pede pra Jesus anotar a lista de compras.
Ter um filho é isso: é estar suscetível as melhores e piores coisas. As melhores coisas, pode ter certeza, ele te proporcionará. E as piores, você pede a Deus que não. Mas não é sempre assim...
Quando você vê uma criança doente, você olha pra ela como se fosse sua. Ela poderia ser a sua, e você capta a dor daquela mãe. É como se todas as mães estivessem interligadas. A sua dor é a minha dor. A minha dor é a sua dor.
Há 5 dias atrás eu li o relato de uma mãe, que escrevia pro seu blog, na sala de espera de um centro cirúrgico. Lá dentro estava o seu filho. Ela estava naquela espera interminável, e eu aqui, a quilômetros de distância captando aquilo tudo enquanto a lia. O filho dela estava lá, naquela situação limite, e o meu aqui , brincando de bola com o pai na garagem. Aquilo me doeu. Mas passou.
O dia se foi e eu parcialmente esqueci. Mas tarde fomos no supermercado, o meu Theo adora quando a gente corre e finge que vai pegá-lo. Eu dei um pega nele, morrendo de rir, até o carro. Ele gargalhava de perder o ar! E eu rindo atrás, e ele ria ria ria. Olhei pro meu Theo, todo gordinho, todo saudável, todo lindo, gargalhando graciosamente de soluçar. Sabe aquelas cenas que passam em câmera lenta?
Fiquei visualizando aquilo com ar de boba, toda feliz, até que caiu a minha ficha e na hora me veio a imagem do Theo da Aline. E lembrei da espera dela no centro cirúrgico. Da gargalhada eu fui pro choro ininterrupto e escandaloso. Igual uma louca. Meu marido parou o carro desesperado e eu não conseguia falar. Estava até com vergonha... E disse o que era: enquanto eu estou fazendo festa com o meu filho aqui, tem uma mãe triste lá em Vila Velha...
Passou. A cirurgia passou, com ela boas notícias e o coração de todos cheios de esperanças... Até que 5 dias depois a notícia foi a pior.
Qual é a pior notícia desse mundo? Qual o pior sentimento desse mundo? É o sentimento que não tem nome. Só quem o viveu sabe, mães/pais que perdem filhos se unem mundo afora. A dor os liga. Só quem viveu sabe. Quem não viveu, imagina. Imagina, sofre muito com a dor imaginada, e mesmo assim sabe: que não conseguiu mensurar um milésimo do que deve ser na realidade.
Eu não sei o que eu estou tentando dizer aqui. Espero de coração que a Aline não leia. Não quero dar abertura pra mais tristeza... Espero que ela se permita esquecer. Parece até piada: se permitir esquecer... Mas é o que eu utopicamente espero.
Eu não consigo imaginar a minha vida sem o meu filho. Imaginar a sua ausência, o quartinho sem ele, a casa sem ele, a minha vida sem ele, é como desejar que eu morra primeiro. E imaginar a primeira noite dessa mãe em casa no silêncio da ausência do seu Theo, é como... é como... não tem nome."

Então é isso... Hoje estou triste... Hoje estou muda.

6 comentários:

Simoni disse...

Oi Sandra, compartilho com vc o mesmo sentimento!!!! Sem palavras e muito triste, eu na verdade nem acompanhei muito o caso do Theo, pq desde a partida do Vini eu não consegui mais acompanhar casos assim, pq me fragilizam demais.
Só peço a Deus que de o conforto pra essa mãe!!!
E que o Theo agora descanse em paz!!!

Beijos e estamos juntas de mãos dadas nessa tristeza hoje!!!

Jacque - Na espera feliz disse...

Que dizer? Que Deus esteja com ela... sempre!

Bia disse...

Fique a vontade, viu?
Que pena que nos conhecemos assim...
Um beijo

Essa vida de Mãe!!! disse...

Acho que o texto ressumiu tudo...
Me sinto do mesmo jeito...
:(

Luciana Pessanha disse...

Muito triste mesmo. Só Deus pode passar um bálsamo no coração dessa mãezinha.

angela disse...

NOSSA TRISTE, PENSO NO MEU FILHO...IMAGINEI- ME NO LUAGR DESSA MÃE TB, SÓ POR DEUS PAR AGUENTAR, TEM VEZ QUE A GENTE SENTE UM MAL PRECENTIMENTO, COISA ESTRANHA, SABEMOS QUE NADA VAI ACONTECER MAS DA UM MEDO... TODA MÃE SENTE ISSO, MAS DEUS É POR NOIS E SABE O QUEFAZ...PARABENS PELO BLOG